Resultado britânico gera onda de pedidos por plebiscitos em outros países da UE
Líderes de partidos de extrema-direita do bloco comemoraram resultado britânico; presidente de Conselho Europeu alertou para 'reações histéricas'.
Marine Le Pen afirmou que os franceses deveriam ter a oportunidade de votar sobre permanência na UE (Foto: AFP)
A decisão dos eleitores britânicos a favor da saída do país da União Europeia provocou uma onda de pedidos por plebiscitos semelhantes por parte de partidos de extrema-direita de outros países membros do bloco.
Numa votação apertada, 51,9% dos eleitores britânicos aprovaram o chamado "Brexit" (contração que significa saída britânica), contra 48,1% dos eleitores que apoiaram a permanência na UE. O resultado fez com que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciasse que pretende deixar o cargo.
Analistas afirmam que a saída do Reino Unido pode causar um efeito dominó que pode ameaçar todo o bloco. Após o anúncio do resultado, nesta sexta-feira, bolsas internacionais abriram em queda e a libra esterlina atingiu seu menor valor em décadas.
A editora da BBC para a Europa, Katya Adler, afirma que há decadas não se via tanto ceticismo em relação à União Europeia.
Nigel Farage, líder do partido de extema-direita britânico Ukip e um dos maiores entusiastas da saída do Reino Unido do bloco, disse esperar que o exemplo britânico seja o início de um processo maior de desintegração da UE.
"A União Europeia está enfraquecida, a União Europeia está morrendo", disse Farage em um discurso em Londres.
"Um pesquisa na Holanda mostrou que a maioria lá agora que sair (da UE), então talvez estejamos próximos de um Nexit (contração em inglês em referência à saída da Holanda)"
"De modo similar, na Dinamarca, a maioria é a favor da saída... E eu soube que o mesmo se aplica à Suécia, talvez Áustria e talvez até à Itália", disse o político britânico".
Nigel Farage, do Ukip, afirmou que a União Europeia 'está morrendo'
Reações
Logo após o anúncio do resultado britânico, políticos de partidos de extrema-direita na Holanda, França e Itália pediram pela realização de consultas pela saída da UE em seus respectivos países.
Marine Le Pen, líder do partido francês Frente Nacional, afirmou que os cidadãos de seu país deveriam ter o direito de opinar a respeito da permanência no bloco.
"Vitória da liberdade. Como tenho dito há anos, nós agora devemos ter o mesmo referendo na França e em outros países na UE", escreveu no Twitter Le Pen - que está entre as favoritas para as eleições presidenciais na França do ano que vem.
Na Holanda, o líder anti-imigração Geert Wilders disse por meio de um comunicado que os holandeses "querem estar no comando de seu país, de seu dinheiro, de suas fronteiras e de suas políticas de imigração".
"Tão rápido quanto possível, os holandeses devem ter a oportunidade de se pronunciar a respeito da permanência na União Europeia", disse Wilders.
A Holanda terá eleiões gerais em março e algumas pesquisas de opinião colocam Wilders como líder na disputa. Uma pesquisa recente sugere que 54% dos holandeses querem um referendo sobre a permanência na UE.
'Reações histéricas'
Já Mateo Salvini, líder do partido italiano Liga Norte tuitou: "Viva a coragem dos cidadãos livres! Coração, cérebro e orgulho derrotaram as mentiras, ameaças e chantagens. Obrigado, agora é nossa vez".
Na Dinamarca, o Partido Popular, que quer renegociações com UE, saudou a decisão "corajosa" dos britânicos, mas afirmou que todos "devem manter a cabeça no lugar".
Já o presidente do Conselho Europeu (que reúne os chefes de Estado dos países membros para definir a agenda política da UE), Donald Tusk, disse que não é hora de "reações histéricas".
Em uma primeira declaração após conhecer o resultado do plebiscito britânico, Tusk afirmou que os outros membros do bloco estão "determinados a manter a unidade" e veem a UE como "o marco de um futuro comum".
'Preço alto'
Os governantes do bloco se reunirão sem o Reino Unido às margens da cúpula do Conselho Europeu que será realizada em Bruxelas na semana que vem.
"Vou propor que iniciemos uma reflexão mais ampla sobre o futuro de nossa União", antecipou Tusk.
A ideia é responder aos motivos que fizeram a rejeição à UE chegar ao máximo histórico de 47% no início de junho e que alimentam os argumentos dos partidos populistas-nacionalistas.
Mas, por trás das aparências, a mobilização para evitar um 'efeito dominó' é grande e contempla retaliações ao sócio dissidente.
Segundo um diplomata, os ministros de Relações Exteriores dos seis países fundadores da UE - França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália e Luxemburgo - se reunirão no sábado, em Berlim, para analisar as consequências políticas da saída britânica.
O presidente do Parlamento Europeu (PE), o socialista alemão Martin Schulz, defende que o Reino Unido pague um "preço alto" por sua decisão, como maneira de desencorajar consultas similares em outros países.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/0...da-ue.html
É preciso analisar isso tudo com muita calma... tudo isso é a reação mais que provável a onda de imigração muculmana para a Europa, e temo que estejamos apenas no inicio.
Europeus passaram por duas grandes guerras, e não vão entregar o continente para o islã de mão beijada.
Para aqueles que imaginavam crise ecônomica e guerra civil e/ou entre nações como preludio do fim... o cenário está pronto.
Ainda mais para quem, como eu, tem certeza que o exodo muçulmano para a Europa foi mais que planejado.
Eurocéticos de destaque -- como o ex-prefeito de Londres Boris Johnson e Nigel Farage, o líder partido de extrema direita UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) -- têm enquadrado o debate em termos de soberania, controle das fronteiras e, especialmente, imigração.
A Grã-Bretanha tornou-se um país “irreconhecível” onde “você não ouve mais inglês”, de acordo com Farage, que gostaria de reduzir para 30.000 o número de imigrantes que chegam ao país todo ano. A campanha pela saída da UE, apoiada em parte por Johnson e outros líderes eurocéticos, publicou um dossiê com 50 criminosos de cidadania europeia que entraram legalmente no país vindos de outros Estados membros.
As leis de livre circulação permitem que cidadãos da UE trabalhem e vivam em outros Estados-membros sem autorização de trabalho. No Reino Unido, a imigração líquida atingiu 333.000 por ano, com 184.000 dos recém-chegados oriundos de países-membros.
Mas o sentimento generalizado anti-imigração tem crescido desde o ano passado, com a entrada na Europa de mais de 1 milhão de imigrantes e refugiados. Muitos dos opositores da imigração acreditam que abandonar a UE deixaria o Reino Unido livre para diminuir a entrada de imigrantes. Alguns defendem um sistema parecido com o da Austrália, mais restritivo e baseado e pontos.
O debate sobre imigração durante a campanha do referendo gerou muitas controvérsias. Os que defendem a permanência na Europa acusam os políticos anti-UE de alarmismo. Na semana passada, os dois lados condenaram um cartaz revelado por Farage, do UKIP, que mostrava filas de refugiados e imigrantes esperando para entrar na Europa – sugerindo que eles pudessem chegar ao Reino Unido devido à falta de controle das fronteiras.
A preocupação com ideias extremistas e anti-imigração se intensificou na última quinta-feira, quando um homem gritando “Britain First” (Grã-Bretanha em primeiro lugar) e outros slogans nacionalistas matou Jo Cox, deputada pró-imigração Partido Trabalhista. Depois do assassinato de Cox, ambos os lados condenaram o ataque e suspenderam suas campanhas até esta semana.
Em termos de resultados econômicos, muitos britânicos pró-Brexit também acreditam que uma Grã-Bretanha independente poderia conduzir as suas próprias negociações comerciais de forma mais eficaz, libertando-se da burocracia da UE. Vários economistas proeminentes, no entanto, se manifestaram contra a Brexit, dizendo que ela provocaria enorme incerteza econômica e enfraqueceria a posição do país no comércio internacional.
Muitos dos defensores da permanência na UE temem que abrir mão do bloco traria consequências econômicas e políticas desastrosas. O acesso ao mercado único europeu pode ser restringido, por exemplo.
Especialistas alertam que os efeitos a curto e longo prazo seriam provavelmente negativos, devido à redução do comércio e dos investimentos estrangeiros, observa a revista The Economist.
A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, uma das principais vozes do movimento pró-UE, alertou que uma Brexit também poderia prejudicar os serviços nacionais de saúde da Grã-Bretanha.
“A UE não é perfeita, mas nossa adesão traz benefícios significativos, tais como a proteção dos direitos trabalhistas; o direito à licença-maternidade e às férias remuneradas, uma semana de trabalho limitada a 48 horas, e o direito de não ser discriminado”, disse Sturgeon, acrescentando que os políticos pró-Brexit têm demonizado os imigrantes, que trazem muitos benefícios para a sociedade britânica.
À medida que o referendo se aproxima, Cameron tem destacado repetidamente que a Brexit seria uma decisão irreversível.
"Teremos menos crescimento, teremos menos empregos, teremos menos meios de vida para a população do país”, disse ele aos eleitores. “Você não ganha dinheiro saindo da UE. Você diminui sua economia, você tem menos empregos, menos receitas de impostos, portanto, você tem um grande buraco em suas finanças públicas.”
Os membros do Partido Trabalhista, do Partido Nacional Escocês e dos Liberais Democratas também temem impacto na influência britânica em assuntos internacionais, já que muitos líderes mundiais se manifestaram contra a separação.
http://www.brasilpost.com.br/2016/06/22/...97022.html